Por Diego Valdevino – O Dia |
Manual elaborado pela facção criminosa Comando Vermelho impõe regras de convívio entre menores em Volta Redonda
Rio – ‘Não caguetar, não cobiçar a mulher do próximo, falar a verdade mesmo que custe a vida, não conspirar, respeitar a tia da cozinha, a tia da limpeza, as enfermeiras e não abrir sorriso para verme (agentes do Departamento Geral de Ações Socioeducativas,Degase)”. Essas são algumas das normas contidas numa carta que foi encontrada durante a revista de rotina feita, na última segunda-feira, pelos agentes da Unidade de Internação de Volta Redonda. Segundo eles, o estatuto foi elaborado pela facção criminosa Comando Vermelho (CV).
A carta estava nos alojamentos e tem 16 itens de convivência entre os internos, os funcionários e até entre os menores e seus parentes. A segunda parte da carta, lista os ‘ dez mandamentos’ do CV, que também é seguido nos presídios. Com linguajar peculiar, as regras foram traduzidas por funcionários para que a interpretação correta fosse feita.
“É uma afronta ao estado. Mostram um poder paralelo. Já encontramos cartas com ameaças de mortes ao agentes e com conteúdos ligados ao tráfico de drogas. Mas nada com essa riqueza de detalhes e organização”, afirmou o presidente do Sindicato dos Servidores do Degase, João Luiz.
Os menores também não devem “abaixar a cabeça pro verme, senão poderá roncar pros demais amigos”. Para os agentes, que são vistos como ‘vermes’, mesma denominação dada aos policiais, se o menor não falar firme ao responder a um agente, não poderá fazer isso com os demais internos.
Outra regra é avisar aos familiares para evitar o uso de roupas coladas ou transparentes durante as visitas. Eles também exigem que ao falar com um agente, um outro jovem permaneça ao lado como testemunha para evitar desconfiança dos outros internos.
Entre outras determinações está: “não levar os demais enganado, sempre agir na transparência e cristalino”, ou seja, não omitir, não enganar e falar sempre a verdade. “ É um clima de constante ameaça entre os servidores. Os internos costumam agredir os funcionários”, disse o presidente do sindicato, João Luiz.