Passamos as últimas semanas falando bastante sobre o político do país. Falamos de participação popular e conselhos populares. Falamos do judiciário brasileiro e em como ele tem deixado bem a desejar sua imparcialidade. Falamos também do papel da mídia e dos perigos de uma grande mídia assumir papel partidário. E, por último, falamos do Impeachment que está colocando toda nossa nação para jogo.
Definitivamente não é um cenário de fácil entendimento. É um momento complexo e que poderá significar muitas mudanças para nosso país. Toda a imprensa internacional está preocupada com a ameaça de golpe no Brasil. Uma Presidenta democraticamente eleita e sem nenhuma acusação concreta de corrupção pode ser deposta por um jogo político. O momento é denso e preocupante, porém mais preocupante ainda é essa onda de ódio e fascismo que cresce cada vez mais.
Os movimentos pró-impeachment, apoiados pela gigante Rede Globo, ocuparam as ruas. Mas não somente ocuparam as ruas para reivindicar, protestar e exigir respostas; ocuparam também as ruas com ódio. Uma onda de ódio estava sendo explicitamente estimulada. Pessoas que passassem de vermelho por essas manifestações, apanhavam. Pessoas que não aceitavam o convite de participar também apanhavam. Não há um diálogo, apenas ódio. Não é possível pensar diferente ou discordar que o ódio aparece.
Continuamos sem diálogo. É absurdo e inaceitável que queiram dividir o país entre verde-amarelo e vermelho. O Brasil é um só. O discurso se repete, é contra a corrupção. Mas, caros ouvintes, nós perguntamos: quem é a favor da corrupção? Isso mesmo, ninguém! Precisamos elevar o diálogo, precisamos aprofundar o debate para além de vilões versus mocinhos.
No último ano, surgiu no Brasil o Movimento Brasil Livre. Um movimento que se propõe a mobilizar indivíduos para um ativismo em favor da liberdade, da justiça e de uma sociedade mais próspera. Um movimento que surge em meio a uma grande crise capitalista. Um movimento que se propõe a lutar na agenda governamental pela priorização das demandas do lucro e do empresariado. É um movimento típico neoliberal que se aproveita da crise institucional nacional para exigir a diminuição do Estado na economia e na vida da população.
É um movimento que deixa bem claro para que veio. É suprapartidário e diz pretender acabar com o inchaço da máquina estatal. Visa montar uma bancada liberal independente que possa garantir os privilégios da burguesia. Tem um lado bem definido e esse lado é o lado do empresariado. O empresariado que tem como agenda principal liquidar os direitos trabalhistas e privatizar tudo quanto for possível no país. Afinal, o apoio da Fiesp a esses atos já deveria nos dizer muita coisa.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a principal federação patronal do país, que foi um dos grandes nomes apoiadores do golpe de 1964, e que está no fronte de linha desses protesto é para, no mínimo, despertar muitas desconfianças.
É importante não se deixar cair nessa canalização da insatisfação com a crise econômica e política. É preciso uma saída sobretudo limpa e independente para a população. Não podemos aceitar impeachment sem razão, comandado por um dos maiores corruptos da história deste país. O ódio não poderá prevalecer ao amor. Vamos discutir, vamos debater e vamos lutar por um Brasil melhor, mas vamos fazer tudo isso com muito amor.