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‘As mulheres vítimas de violência doméstica se sentem sem o apoio do Estado e sofrem duas vezes’

A Organização de Direitos Humanos Projeto Legal marcou presença no Evento à Valorização e Direitos da Mulher, que aconteceu na última terça-feira (20/11), no Quilombo de Resistência Maria Madalena, no bairro de Turiaçu, Zona Norte do Rio. A instituição foi representada pela advogada Raquel Guerra, que durante uma roda de conversa abordou o tema da violência doméstica. O encontro coincidiu com as celebrações do Dia da Consciência Negra, na mesma data, e do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, no próximo dia 25.

“Mesmo sendo advogada e militando em direitos humanos, não foi fácil falar sobre violência doméstica, porque haviam várias vítimas que choravam. É impossível ser indiferente a um tema como esse. Na medida que eu falava e apresentava dados, ficava imaginando as que sofrem em silêncio. Diariamente, morrem 13 mulheres por crime de feminicídio. No Brasil, matam-se três vezes mais mulheres negras do que brancas. Precisamos dar voz e visibilidade a essas mulheres que sobrevivem todos os dias”, expressou a advogada.

De janeiro a julho de 2018, o Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher), do Ministério dos Direitos Humanos, registrou mais de 63 mil casos, sendo 33.835 de violência física, 18.615 de violência psicológica e 3.647 de violência sexual.

Foram mais de 60 mil registros. Isso sem contar que há muitas mulheres que ainda temem denunciar os maridos, porque eles fazem ameaças contra elas e seus familiares. O país também registra elevados índices de feminicídio (…); muitas mulheres ainda se sentem sem o apoio do Estado para garantir proteção. Pois, quando vão às delegacias, os delegados, sem generalizar, desacreditam na violência a que são vítimas. Com isso, elas acabam sofrendo duas vezes: uma pelo Estado e outra dentro de casa. A Lei Maria da Penha, que completou 12 anos, e os canais de denúncia precisam ser efetivados”, completou.

Raquel Guerra é advogada formada pela Universidade Cândido Mendes (Ucam), professora na Pós-Graduação em Direitos Humanos, mestre em Relações Internacionais pela Universidad Torcuato Di Tella, na Argentina, possui especialização em Ajuda Humanitária e Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

* Reportagem: Diego Francisco

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