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Advogados do Projeto Legal assinam manifesto pela democracia

Os advogadxs da Organização de Direitos Humanos Projeto Legal Aderlan Crespo, Carlos Nicodemos e Raquel Guerra assinaram um manifesto pela democracia. O documento conta com a adesão de mais de mil juristas, magistrados e professores e foi divulgado pela imprensa nesta terça-feira (16/10).

A assinatura dos supracitados advogadxs podem ser encontradas neste link (clique aqui), nos números 8, 169 e 918, respectivamente.

“Tenho fé e convicção que em 31 de dezembro celebraremos a virada de 2018 para 2019. Não consigo me imaginar comemorando a virada de 2018 para 1964. Não podemos desperdiçar 30 anos de democracia, votando errado. Assinei com muita satisfação esse manifesto. Nosso objetivo é chamar a atenção para o bom senso da população brasileira”, disse o advogado Aderlan Crespo.

“Como militante dos direitos humanos há quase 30 anos, era o meu dever moral e democrático declarar o meu apoio a este movimento. A nossa democracia está sob ameaça. Não podemos apoiar o retrocesso institucional e uma eventual perda de direitos às minorias. Só é contra a democracia quem nunca leu um livro de História ou não viveu uma ditadura. Acho que o voto diz mais sobre o eleitor do que o candidato”, comentou o advogado e presidente do Projeto Legal, Carlos Nicodemos.

“Mais do que um ato democrático, sinto-me, como mulher, no dever de me manifestar pacificamente em defesa do nosso país e dos valores que nos são caros. Para que pudéssemos viver numa democracia, muito sangue foi derramado, muita gente foi brutalmente assassinada durante o regime militar. A luta das pessoas que deram sua vida pelo que acreditavam não pode ser desperdiçada”, expressou a advogada Raquel Guerra.

Os signatários do documento são favoráveis à eleição do candidato a presidente da República Fernando Haddad (PT-SP), no próximo dia 28 de outubro, e criticam as propostas e o comportamento do candidato adversário Jair Bolsonaro (PSL-RJ) supostamente preconceituoso contra mulheres, gays e negros e por ver com bons olhos a ditadura militar de 1964 que durou 21 anos. Durante a aprovação da abertura do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG) na Câmara dos Deputados, em 2016, Bolsonaro, como deputado federal, dedicou o voto favorável à cassação do mandato ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos torturadores do regime militar.

Entre as personalidades que assinam o manifestam estão o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Sepúveda Pertence, ex-participantes da Comissão da Verdade, entre outros.

* Reportagem: Diego Francisco
* Crédito imagens: Estadão / Reprodução

Veja o texto completo do manifesto

PELA DEMOCRACIA, TODAS E TODOS COM HADDAD!

“O que me preocupa não é o grito dos maus, é o silêncio dos bons” (Martin Luther King)

Todos os povos têm momentos de união em torno de temas civilizatórios. A união se dá em torno de assuntos que transcendem para além dos interesses individuais, corporativos e partidários. Parece que no Brasil é chegado esse momento. Pensamos diferentemente sobre tantos temas. Temos crenças, valores, ideias sobre tantos assuntos, mas em alguns pontos chegamos no mesmo lugar e isto é inegociável. Este lugar, este ponto sobre o qual não discordamos, é algo chamado democracia, que engloba a preservação daquilo pelo qual todos nós lutamos há tantas décadas – a dignidade das pessoas, o respeito aos direitos humanos e a justiça social.

Os avanços civilizatórios são como degraus. Subimos um a um. Unimo-nos para ajudar a todos nessa subida. Tolerância, solidariedade, direitos iguais e respeito às diferenças. É isso que nos move e é o combustível de todos os povos e nações que vivem e convivem em democracia. A democracia não existe sem pluralismo político, social e moral, algo inevitável numa sociedade complexa como a nossa. A democracia só aceita disputas entre adversários, não entre inimigos, só admite a política, não a guerra, formas pacíficas de disputa, não violentas.

A democracia só existe limitada pelos direitos dos indivíduos e das minorias, para que não se torne uma ditadura da maioria. Democracia é a paz com voz! Neste momento difícil da história do Brasil, nós, brasileiras e brasileiros de todos os credos, raças, etnias, profissões, filiações políticas, orientações sexuais e de gênero, damo-nos as mãos para pedir paz e, mais do que tudo, a preservação da democracia. Que reflitamos para saber o que queremos para o futuro de nosso país. Rejeitamos o rancor e a divisão entre brasileiros. Temos a Constituição mais democrática do mundo, que diz que nosso Brasil é uma República que visa a erradicar a pobreza, fazer justiça social, reduzir desigualdades regionais, incentivar a cultura e promover a solidariedade. Este é o nosso desejo neste momento de crise. O respeito às leis, à Constituição e aquilo que não se pode tocar nem ver: a democracia.

Por isso, nós juristas e demais profissionais subscritores do presente manifesto, defensores da democracia e radicalmente contrários a violência física ou simbólica como forma de reprimir opiniões contrárias, declaramos apoio ao candidato à Presidência da República Fernando Haddad, independentemente de eventuais diferenças programáticas , pelo fato de ser o único, nesse segundo turno, capaz de garantir a continuidade do regime democrático e dos direitos que lhe são inerentes, num ambiente de paz, de tolerância e de garantia das liberdades públicas.

Brasil, 16 de novembro de 2018

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